Restorex®
Terapia de tração peniana é uma opção não invasiva no tratamento da doença de Peyronie que nunca se tornou central no tratamento pela falta de padronização, resultados conflitantes e necessidade de longos períodos de uso (≥5h). No congresso da SMSNA foram apresentados os resultado preliminares de um novo dispositivo desenvolvido em conjunto com a Mayo Clinic: o Restorex®. A principal característica que o diferencia dos outros dispositivos é o clamp para apreensão da glande e o fato de ser articulado, permitindo a flexão para o lado oposto à curvatura e aumentando a tração focalmente onde é mais necessário. No estudo apresentado, em 40 pacientes usando o dispositivo por 1-3 sessões de 30 minutos diariamente e 19 pacientes sem terapia (controles), observou-se uma melhora significativa da curvatura de 10.5 graus (vs 2.5 no controle) e aumento de comprimento peniano de 1.7cm (vs 0.3 no controle) após 3 meses. Os resultados são preliminares mas animadores principalmente pelo caráter não invasivo do método. Resta saber se o resultado vai ser manter com a continuidade do estudo e após o termino do período de tratamento.
SMSNA Journal Session
Uma das sessões que merece destaque no congresso foi a sessão dedicada a técnicas para a produção de artigos científicos pela sociedade internacional (ISSM). Contando com a presença de grande nomes como o Dr. John P. Mulhall, editor chefe do Journal of Sexual Medicine; Dra Ashley Tapscott, Dr Alan Shindel, Dr Nelson Bennett e Dr. Landon Trost, a sessão discutiu os erros mais comuns e dificuldades na concepção, criação e aprovação de artigos científicos. Os 3 pontos principais levantados durante a sessão foram:
- 1- É extremamente importante uma revisão do artigo por alguém fluente em inglês, especialmente para aqueles que inglês não é a língua nativa. Isso porque barreiras linguísticas podem dificultar muito o trabalho do revisor e provocar um má impressão geral independentemente da qualidade dos dados apresentados.
- 2- A primeira impressão é muito importante. Mandar artigos para ver os comentários dos revisores e pensando em melhorar depois não é uma boa ideia pois gera uma péssima primeira impressão. Nesta mesma linha, é importante sempre prestar atenção no requisitos de formato específicos do jornal, como formato do abstract e referências. O não cumprimento desde requisitos mostram desatenção do grupo e reforçam uma primeira impressão negativa
- 3– Use a discussão para apresentar de maneira objetiva os 3 principais pontos do seu artigos correlacionando com a literatura atual. Não use para fazer uma revisão de literatura desconectada do seu artigo e sempre mencione as limitações, assim como as medidas adotadas para supera-las.
Por fim, o Dr Landon Trost compartilhou como ele escreve os artigos. Ele inicia pelas tabelas e resultados, escreve as conclusões baseadas apenas nos resultados que o artigo forneceu, depois escreve os métodos, discussão, introdução e por fim o abstract. Isto é algo completamente individual mas é uma perspectiva interessante de alguém com vasta experiência.
Todos tem artigos rejeitados, mesmo os experts. Não desanimem!
Procedimento de aumento peniano
Outra sessão que mereceu destaque foi sobre este assunto. Um dado interessante apresentado é que 91% dos homens acham que seu pênis é menor que a média, embora 85% das mulheres estejam satisfeitas com o tamanho do pênis de seus parceiros. Micropênis real é extremamente raro, acometendo apenas 0.6% dos homens, e para seu diagnóstico o tamanho peniano no estado flácido precisa ser menor que 4cm e menor que 7.5cm quando ereto. Mesmo assim, é comum homens se preocuparem com o tamanho do pênis, chegando ao extremo da dismorfofobia peniana, condição onde existe preocupação excessiva de que a genitália externa esteja sendo avaliada negativamente por outros, gerando impacto negativa na vida sexual.
Dentre as opções apresentadas, nenhum foi capaz de gerar um aumento de comprimento real de forma segura. Foi ainda demonstrada uma nova opção de aumento de calibre através do implante subcutâneo (Penuma), com resultados recentes publicados no Journal of Sexual Medicine (Elist J et al. J Sex Med. 2018). Este implante de silicone é colocado no subcutâneo, no dorso e ao redor (3/4) do pênis e fixado à glande com uma tela de poliéster. A porção proximal fica solta abaixo do púbis e permite o seu deslizamento durante a ereção. Em uma análise retrospectiva de 400 pacientes que se submeteram ao procedimento por questões cosméticas, o ganho médio de calibre foi de 4.9cm. As complicações relatadas foram seromas (4.8%), cicatriz (4.5%) e infecção (3.3%), com 3% dos pacientes sendo submetido a retirada do implante. Não houve piora da função erétil ou ejaculatória segundo os autores.
Eduardo Miranda. Fortaleza, Brasil
Giuliano Aita. Teresina, Brasil
Bruno Nascimento. São Paulo, Brasil